quarta-feira, 9 de abril de 2014







Os ensinos do Buda esclarecem aquilo que é importante saber e aquilo que não o é. Isto é, os ensinos de Buda orientam os homens a aprender aquilo que deveriam aprender, a remover aquilo que deveriam remover, e dedicar-se em esclarecer aquilo que deve ser esclarecido. Portanto, os homens deveriam primeiro discernir que questão é de primordial importância, que problema deve ser solucionado primeiro, que questão lhes é mais urgente. Para fazer tudo isso, devem primeiro treinar suas mentes, isto é, devem procurar o controle mental.

                                                  
                                                                      



Um jovem viúvo, que gostava muito do seu filho de cinco anos, estava fora, a trabalho, quando bandidos puseram fogo na cidade e levaram seu filho. Quando o homem volta para casa, vê tudo destruído e entra em pânico. Pega o corpo queimado de uma criança que toma por seu filho e chora copiosamente. Organiza a cerimônia de cremação e põe as cinzas num bonito e pequeno saco, que passa a carregar sempre consigo.
Um pouco mais tarde, seu filho verdadeiro escapa dos bandidos e acha o caminho de casa. Chegando na nova casa de seu pai, tarde da noite, bate à porta. O pai, ainda desgostoso, pergunta: "Quem é?" A criança responde, "sou eu, pai, abra a porta!" Mas em seu agitado estado de alma, convencido de que seu filho já esta morto, o pai pensa que algum menino o está ridicularizando. Ele então grita: "Vá embora" e continua a chorar.  Depois de algum tempo, a criança vai embora. Pai e filho nunca mais se encontram de novo.
Sobre esta história, Buda disse: "Às vezes, achamos que alguma coisa é verdadeira. Se nos apegamos fortemente a esta 'verdade', mesmo que a verdade bata à nossa porta, não a abriremos."

    


    
  O bom coração

                                          
No tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada "Confiando na Alegria". Ela observava os reis, príncipes e o povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos, e não havia nada que quisesse mais do que poder fazer o mesmo. Saiu então pedindo esmolas, mas no fim do dia não havia conseguido mais do que uma moedinha. Levou-a ao mercado para tentar trocá-la por algum óleo mas o vendedor lhe disse que aquilo não dava para comprar nada. Quando soube que ela queria fazer uma oferenda ao Buda, encheu-se de compaixão e deu-lhe o óleo que queria. A mendiga foi para o mosteiro e acendeu a lâmpada. Colocou-a diante do Buda e fez o seguinte pedido: "Nada tenho a oferecer senão esta pequena lâmpada. Mas com esta oferenda possa eu no futuro ser abençoada com a lâmpada da sabedoria. Possa eu libertar todos os seres das suas trevas, purificar todos os seus obscurecimentos e levá-los a iluminação".
Durante a noite, o óleo de todas as outras lâmpadas se acabou. Mas a lâmpada da mendiga ainda queimava na alvorada, quando Maudgalyayana, o discípulo do Buda, chegou para recolher as lâmpadas. Ao ver aquela única ainda brilhando, cheia de óleo e com pavio novo, pensou: "Não há razão para que essa lâmpada continue ainda queimando durante o dia", e tentou apagar a chama com os dedos, mas foi inútil. Tentou abafá-la com suas vestes, mas ela ainda ardia . O Buda observando-o há algum tempo, disse: Maudgalyayana, você quer apagar essa lâmpada? não vai conseguir. Não conseguiria nem movê-la daí, que dirá apagá-la. Se jogasse nela toda a água dos oceanos, ainda assim não adiantaria. A água de todos os rios e lagos do mundo não poderia extinguir esta chama. Por que não?
"Porque ela foi oferecida com devoção e com pureza de coração e mente.
Essa motivação produziu um enorme benefício".
                                             

                                                                                                    


Quando o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele profetizou que no futuro ela se tornaria um perfeito buda, conhecido como "Luz da lâmpada".
Em tudo, o nosso sentimento é que importa, a intenção boa ou má influencia diretamente nossa vida no futuro. Qualquer ação por mais simples que seja, se feita com coração produz benefícios na vida das pessoas.
  


O tesouro oculto

Um homem que vivia perto de um cemitério, uma noite, ouviu uma voz que o chamava de uma sepultura. Sendo covarde demais para, sozinho, investigar o que se passava, confiou o ocorrido a um corajoso amigo que, após estudar o local de onde saíra a voz, resolveu vir, à noite, para ver o que aconteceria.
Anoiteceu. Enquanto o covarde tremulava de medo, seu amigo foi ao cemitério e ouviu a mesma voz saindo de uma sepultura. O amigo perguntou à voz quem era e o que desejava. A voz, vinda de baixo, respondeu : "Sou um tesouro oculto e decidi dar-me a alguém. Eu me ofereci a um homem ontem à noite, mas ele era tão medroso que não veio me buscar; por isso dou-me a você que é merecedor. Amanhã de manhã, irei à sua casa com meus sete seguidores."
O homem corajoso disse : "Estarei esperando por vocês, mas, por favor, diga-me como devo tratá-los." A voz replicou : "Iremos vestidos de monge. Tenha uma sala pronta para nós, com água; lave o seu corpo, limpe a sala e tenha oito cadeiras e oito tigelas de sopa para nós. Após a refeição, você deverá conduzir a cada um de nós a um quarto fechado, no qual nos transformaremos em potes cheios de ouro."
Na manhã seguinte, o homem lavou o corpo e limpou a sala, como lhe fora ordenado, e ficou à espera dos oito monges. À hora aprazada, eles apareceram, sendo cortesmente recebidos pelo homem. Depois que tomaram a sopa, ele os conduziu um por um ao quarto fechado, onde cada monge se transformou em um pote cheio de ouro.
Um homem muito ganancioso que vivia naquela mesma aldeia, ao tomar conhecimento do incidente, desejou ter os potes de ouro. Para tanto, convidou oito monges para virem até sua casa. Depois que eles tomaram a refeição, o ganancioso, esperando obter o almejado tesouro, conduziu-os a um quarto fechado. Entretanto, ao invés de se transformarem em potes de ouro, os monges se enfureceram e denunciaram o ganancioso à polícia que o prendeu.
Quanto ao covarde, quando ouviu que a voz da sepultura havia trazido riqueza ao seu corajoso amigo, foi até a casa dele e avidamente lhe pediu o ouro, insistindo que era seu, porque a voz foi dirigida primeiramente a ele. Quando o medroso tentou pegar os potes, neles encontrou apenas cobras, erguendo as cabeças prontas para atacá-lo.
O rei, tomando conhecimento desse fato, determinou que os potes pertenciam ao homem corajoso, e proferiu a seguinte observação : "Assim se passa com tudo neste mundo. Os tolos cobiçam apenas os bons resultados, mas são covardes demais para procurá-los, e por isso, estão continuamente falhando. Não têm fé, nem coragem para enfrentar as intestinas lutas da mente, com as quais, exclusivamente, pode-se atingir a verdadeira paz e harmonia."










A tartaruga de um olho só


Nas profundezas do oceano vivia uma vez uma tartaruga de um olho só, que não tinha as pernas e não podia nadar bem. Ademais, seu estômago era quente como ferro em brasa e suas costas frias como gelo. Assim a tartaruga sempre dizia consigo mesma: "Ah! Como gostaria de refrescar meu estômago que é tão quente e aquecer minhas costas que são tão frias."
A única maneira de realizar seu desejo seria a tartaruga poder flutuar na superfície da água e se deitar sobre a cavidade de um tronco de sândalo, para que o sândalo pudesse refrescar seu estômago e o sol pudesse aquecer suas costas. Este, porém, era um desejo muito difícil de realizar. Ela poderia flutuar uma vez a cada 1000 anos e, mesmo que pudesse, fracassaria em encontrar o tronco de sândalo apropriado para seu tamanho, e o mais difícil: subir nele sendo que não tinha pernas.

Aqui, o tronco de sândalo indica a Lei Mística exposta pelo Buda, o oceano mostra o mundo atual cheio de sofrimentos e a tartaruga de um olho só pode ser comparada às pessoas comuns. Ausência de pernas simboliza a pessoa sem boa sorte, o estômago quente mostra ira e as costas frias, fome. Viver no fundo do mar por mil anos significa a pessoa viver muito nas três condições inferiores (inferno, ira e animalidade) e vencê-las para poder ser feliz.

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